“fim de festa de aniversário do filho da vizinha, do casamento do amigo, do batizado da sobrinha. Tenho visto nos pratinhos de bolo largados aqui e ali camadas de cobertura dispensadas de propósito. Chantili de canto. Glacê esquecido. Uma plaquinha inteira de pasta americana mordida “só para experimentar”. Devo fazer justiça à ganache de chocolate, ao brigadeiro e àquela cobertura açucarada que forma uma casquinha sobre o bolo de cenoura: em anos de observação, nunca as vi sobrar. Mas isso é outra história. Venho defender o glacê, o chantili, a pasta americana, o marshmallow.
Nos bolos de festa, ou seja, em momentos extraordinários, essas coberturas aproximam a confeitaria da arte de fazer onda, literalmente, e de esculpir formas de comer – as nossas curvas, eventualmente desalinhadas pelo lanche, a gente deixa para editar em outra oportunidade.

bolo da confeiteira simone monteiro para a tati leme, que me ajudou a montar a festa de 1 ano da menininha
A hora do bolo é a hora de se deixar levar pela confusão lúdica de ver, querer e comer.
Mas repare como hoje em dia (boa) parte dos convidados afasta delicadamente com o garfinho, um meio sorriso e alguma desculpa aquele que seria o passaporte para a sucursal do inferno das dietas.
Há os que calculam o desconto: “Se não comer a cobertura, que concentra muito mais açúcar, posso me dar duas fatias de bolo”. Enxerida, eu diria: coma logo os dois pedaços completos, porque a vida é muito dura e não tem festa todo dia.(…)”